Conto de Domingo/Puericultura

Diário de uma Covidada

Aconteceu! E dia 24 de junho de 2022 era dia de atendimento. Atendi muita gente, como não é de meu costume. Acontece que em julho não haveria mais atendimentos por conta da reforma no nosso setor… então, creio que todos os pacientes resolveram vir no último dia de atendimento de junho.

Era São João, e eu fiz trancinhas. Para não prejudicá-las deixei a Pff2 em casa e fui atender de KN95. Grande erro! Vieram muitos pacientes com sintomas gripais, embora a maioria estivesse investigando doença hematológica.

Saí do consultório sem voz. Imaginei que falo muito alto durante a consulta (penso que estou em um palco e imposto a voz como se o teatro todo fosse ouvir). E um “cadinho” de dor de garganta.

Quando fui me despedir da colega, reclamei da garganta, comentei que veria minhas sobrinhas – caso eu não ficasse doente.

Dia 25, no sábado, acordei ainda entrevada (dei um jeito na academia) e espirrando. Pedi À fisioterapeuta que viesse de máscara pois eu não sabia se estava com rinite ou doente. Ela veio, me “desentrevou”, foi embora e eu, em casa, tive febre. Mas não era uma febre normal, era uma febre que não melhorava com medidas físicas e só baixou com antitérmico. E não baixava totalmente, de quase 40, ela ficava em 38 graus Celsius. Para mim, era o bastante para não sentir o rosto que tem rosácea queimando.

Não fui pro Encontrinho das Manazz que eu mesma havia agendado, e desmarquei com as sobrinhazz (que tristeza!). E decidi ir fazer o teste na segunda-feira.

Ao sair de casa, muito mal-estar e aquele espírito no ombrinho dizendo o tempo todo: “vai te deitar”. A cabeça pesada, o nariz escorrendo e a tosse agoniante. Assim que o rapaz enfiou o swab no meu cérebro (é um modo de expressão que usamos – não acreditem!) eu tive um acesso de tosse e recomendei que ele abrisse a janela do local pois o vírus não circula em ambientes fechados, ele fica flutuando e poderia contaminar os pacientes seguintes que viriam fazer o exame depois de mim.

À tarde, o resultado positivo. E veio junto com um susto, pois depois de dois anos de pandemia, eu já estava pensando que era uma daquelas pessoas especiais que não pegam c0v1dy por nada.

Único medicamento que usei: paracetamol.

Avisei a família, os pacientes, e as pessoas com quem tive contato recente – para que também fizessem o teste, mesmo sem sintomas. E fiz uma consulta de telemedicina para conseguir um atestado, para que pudesse me isolar durante os dez dias de doença – conforme a recomendação de infectologistas que levam a sério a ciência.

Sou privilegiada por ser funcionária do Estado, mas uma amiga que adoeceu comigo e fez o teste rápido (provavelmente um falso-negativo) continuou trabalhando mesmo com sintomas. E ainda complicou para sinusite.

Essa é a realidade: pouca gente fazendo o Rt-Pcr, se enfiando no autoteste, fora as pessoas autônomas que se pararem de trabalhar, param também de ganhar dinheiro… pensando em todos esses problemas sociais e somando-se ao fato de NINGUÉM MAIS USAR MÁSCARA – ouso dizer que a situação só tende piorar – justamente porque as novas variantes parecem ignorar o sistema imune e a tendência é que nos infectemos mais vezes ao ano, com a mesma variante.

Hoje fazem dezesseis dias do início dos meus sintomas, e sigo rouca, e com secreção pós-nasal. Por vezes, com falta de ar ao subir escadas ou andar um pouco mais. Muitas colegas que trabalham comigo ficaram doentes na mesma época. Muita gente que conheço e mora até longe, como em Florianópolis ou Portugal, também positivou. Então creio que estejamos surfando uma onda mundial.

Uma colega do trabalho reclamou de dor de garganta. Orientei como médica (não como amiga) que ficasse em casa e realizasse o teste e ela fez cara de nojinho e respondeu que “achava que era alergia”.

Hà pessoas sintomáticas andando na rua sem máscaras. Sem contar nas assintomáticas que ainda estão em período de incubação, ou que não vão desenvolver a doença… E as crianças menores de dois anos (que são de risco) não estão vacinadas.

Não haverá lockdown, quarentena, ou retorno às máscaras… tudo depende das medidas individuais.

Você já pegou ou conhece alguém que tenha pegado? O que tem feito para que o vírus não se espalhe?

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